quarta-feira, dezembro 13, 2006

"... embora em nós, o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia a dia."

domingo, dezembro 03, 2006

O retrato de Dorian Gray

Imagine se tivéssemos uma pintura nossa e as formas do desenho fossem mudando conforme cometessemos ou apenas pensássemos em coisas ruins: Arrogantes com as outras pessoas, achando que temos o monopólio da verdade; Inveja - "a grama da vizinho é sempre mais verde"; Ira, atacando verbal ou fisicamente os outros; Preguiça, não achando que nada vale o esforço; Avareza, guardando tudo para nós mesmos (isso vale para nossas experiêrncias também); Gula, não sabendo o momento de parar e; Luxúria, quando nossa sexualidade tem lugar central na nossa vida.
Enfim, deu pra notar que o tema acima se relaciona com os sete crimes capitais, mas acho que muitas vezes colocamos os pecados em um "pedestal" achando que somente os "terríveis pecados" que foram fundamentados pela Igreja Católica, podem condenar nossa alma. Muitas vezes, "pecaditos" também podem borrar nossa alma.
É exatamente sobre isto que trata o livro de Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray. Inclusive, uma informação importante sobre a vida de Wilde é que ele foi criado em uma família protestante, assim, ele viveu com a noção de pecado em sua cabeça e ela transparece ao longo do do livro. Mesmo assim, sua obra foi classificada de imoral por muitas mentes do final do século XIX.
Bom, o que é me chamou a atenção neste livro é exatamente seu fundamento central: nossa alma apodrece, e muitas vezes muito mais rápida que nossa carcaça corporal. Assim, com um vida passageira, devemos cuidar da nossa alma, pois ela é a única coisa que vai durar pra sempre. Temos que olhar as coisas que fazemos no dia-a-dia sob a ótica da eternidade, pois estamos cercados por todos os lados de elementos que somente fazem com que nossa alma envelheça.
Mas, mesmo quando descobrimos o que pode melhorar, rejuvenescer, nossa alma, devemos tomar cuidado. Quando Dorian Gray descobre que o seu retrato envelhece, se tornando algo horrendo conforme os seus erros, ele começa a tentar fazer apenas o bem. Só que mesmo assim, seu aparência no quadro não melhora nem um pouco, ao contrário, piora. Ele chega a conclusão que tudo o que ele havia feito eram ações hipócritas, pensando apenas obter vantagem.
Quantos de nós não faz "boas ações" somente para nosso próprio conforto e bem-estar, damos uma esmola pro mendigo, para cumprir a nossa cota diária de preocupação para com as dificuldades econômicas da nossa cidade; cestas de natal para os moradores de favelas perto do natal, para não nos preocuparmos o resto do ano; criticamos abertamente ações do governo, dos parentes, das "pessoas", para nos diferenciarmos das massas que cometem atrocidades. Mas somos coniventes 90% do tempo, vivendo nossas vidas em conforto.
Podia seguir citando inúmeros casos do nosso cotidiano, mas acho que já deu pra entender uma das tantas mensagens do livro. Então, mesmo que não tenhamos um retrato como o de Dorian Gray, tentemos desenhar em nossa mente um esboço de um. Sei que vai ser difícil alguém ter uma alma linda, todos nós temos pobres que impedem isso, mas tenho certeza que nunca é tarde pra melhorar essa imagem, tentar deixá-la um pouco mais bonitinha. Mas sem utilizar maquiagem, pois no fim do dia, ela sai toda e, no assunto que falei, não importa o que os homens acham, pois tem alguém que consegue ir além das aparências.