sábado, março 27, 2010


     Desculpe. Não pude resistir e faço uma resenha de um romance não policial. Bom, penso que não só de romances policiais vive um amante de romance policial. Eu por exemplo, de vez em quando dou uma escapada e leio romances históricos, minha outra paixão. Me perdoem a promiscuidade.
      Este catatau de 848 páginas que vos apresento talvez seja o melhor romance brasileiro das últimas décadas. Como romance histórico fica lado a lado do grande "O tempo e o vento" de Érico Veríssimo.
      Vamos à obra. "General Osório e seu tempo" é uma biografia de Osório desde os tempos em que iniciou no exército brasileiro, no início do século XIX. Sua vida foi permeada por batalhas épicas no sul do Brasil, num período em que a geografia do país ainda estava em formação. A obra conclui com a morte de Osório no final da Guerra do Paraguai.
     Quem gosta de romances históricos vai se deliciar com as descrições de cenas de batalhas, da indumentária dos gaúchos, dos conflitos políticos, das estratégias, enfim, do cotidiano das pessoas no sul do Brasil durante o período Imperial. A linguagem não é complexa e muitas vezes emula a fala dos gaúchos, o que dá maior realidade ao que está sendo contado.
     O livro é recheado de batalhas, o que para alguns pode ficar cansativo, mas a grandiosidade dos acontecimento compensa. Há inclusive uma batalha naval, onde nos sentimos testemunhas oculares dos fatos.
     Outro ponto positivo da obra é a diagramação. Há muitas figuras dos personagens principais que nos ajudam a imaginá-los. No início há uma imagem belíssima da Batalha do Avaí, quadro pintado por Pedro Américo. Um pequeno problema se encontra em manusear o livro, que possui proporções generesas. Mas quem se importa quando o que está ali dentro é primoroso?
     Uma grande obra que merece figurar entre os clássicos da nossa literatura. Um verdadeiro "Guerra e Paz" dos pampas.

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